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Cultura Local

Bem no sertão baiano, o Parque Nacional da Chapada Diamantina resguarda um conjunto de paisagens que é considerado um dos mais belos do país. Nos seus 57 municípios encontramos rios, cachoeiras, grutas, cavernas, morros, além de muita cultura, história, e um povo simples e sereno.

 

Dentre tantos lugares que fazem parte da Chapada, o Vale do Capão se destaca pela sua beleza natural e, principalmente, pela energia das pessoas que se encontram por lá. O lugar reúne gente de todo o mundo. Geralmente pessoas que buscam paz, tranquilidade, intimidade ou solidão, experiência de vida em comunidade ou no isolamento de sua casa na mata, ainda, é comum perceber uma exaltação ao respeito e o amor pela natureza. Não importa se os viajantes estão apenas de passagem ou vivendo no lugar. O que se sente no Capão é uma sintonia entre todos, inclusive os nativos da região.

 

O Vale do Capão é subdistrito do Município de Palmeiras, é seu nome político é Caeté-Açu. A Vila do Capão oferece bares, restaurantes com iguarias vegetarianas e diversas, pousadas, lojas e um coreto onde acontecem apresentações, que permitem o contato com artistas de todo o mundo. Durante a noite ainda há exposição de artesanatos diversos. Ao longo do vale centros de cultura, o Circo/Escola, ateliês, quitandas, mercados, tudo numa energia caseira. Uma diversidade de produtos artesanais locais alimentícios como as famosas frutas-passas, café, hortalícias diversas.

 

Com um conceito de vida alternativo e simplista, o Capão não possui luxos, mas faz um resgate natural da relação consciente com a natureza por parte de seus moradores e visitantes. Algumas associações existem para manter a preservação do lugar, especialmente depois que o turismo se tornou a principal atividade econômica local. Cuidados ambientais, coleta seletiva de lixo, reciclagem e turismo sustentável são as principais ferramentas. Cada um de sua forma, moradores, visitantes e turistas seguem essa lógica sustentável e fazem seu papel utilizando principalmente do respeito e da satisfação de estar no Vale.

FOTOS POR MANOEL NOVAES NETO

História

Na Chapada Diamantina, o Vale do Capão é o destino ideal para quem quer aproveitar as férias em meio à natureza. O vilarejo, porém, guarda mais um atrativo para quem busca descansar em harmonia com o meio ambiente: a gastronomia. A maior parte dos restaurantes do Capão é dedicada à comida vegetariana, com variedade que promete deixar até o mais carnívoro dos visitantes com água na boca.

 

A história recente da vila localizada no distrito de Caeté-Açú, na cidade baiana de Palmeiras, ajuda a explicar a quantidade de opções para quem prefere deixar os animais de fora do cardápio. Cerca de 30 anos atrás, quando a população do Capão não passava de 500 pessoas que viviam basicamente da produção de alimentos, comunidades hippies começaram a se instalar na região em busca de uma vida simples em meio à natureza. Com alimentação basicamente vegetariana, aos poucos começaram a influenciar a vida da população. 

 

Ao contrário da fartura de hoje, quem frequentava o Capão há 20 anos tinha poucas opções de refeição, havia a Pizzaia do Capão Grande e o restaurante de Dona Dalva, nativa do vilarejo, começou a oferecer PFs para os visitantes, com opções de carne inclusive (o que faz ainda hoje). Mas foi um quitute tradicional da região que fez sua fama. Por toda a Chapada Diamantina, é comum encontrar jaqueiras. Enquanto a maioria saboreia a doce fruta já madura, Dona Dalva resolveu cozinhá-la ainda verde. Nasceu assim o palmito de jaca, que apesar de não ter nada de palmito, foi nomeado devido à consistência que adquire depois de cozido. Sem o doce do fruto maduro, adere facilmente ao tempero nele empregado. O pastel de palmito de jaca de Dona Dalva chega a ser uma das atrações turísticas do Capão. O 'palmito de jaca' serve de recheio para as coxinhas do bar Flamboyant e serve até de substituto do peixe na tradicional moqueca baiana, essa de jaca. 

 

O tempo trouxe opções mais requintadas ao Vale. Exemplos são os bistrôs vegetarianos Pachamamma e Massala. Os dois restaurantes apostam na mistura de ingredientes frescos adquiridos de produtores locais com outros mais refinados. Enquanto no primeiro o chef paulistano Pedro Camargo, busca atribuir um caráter gourmet ao cardápio, no Massala a inspiração do curitibano Evandro Gonçalves, vem da cozinha indiana. Ambos os menus mudam diariamente, renovando sempre as opções oferecidas aos clientes de acordo com os ingredientes à disposição.

 

A variedade gastronômica também alcança as ruas e a praça da vila. Durante a temporada de verão e feriados prolongados, o Vale do Capão se enche de turistas. Com eles, pipocam as barraquinhas de comida. E até nelas a predominância é da comida vegetariana. As opções são variadas, com bolos, sucos verdes, tortas e tapiocas diveras. 

 

 

Godó de banana - Ensopado com carne de sol e banana verde, bem acompanhado com o tradicional feijão, arroz, farofa e salada.

 

Farofa de Garimpeiro - Farofa bem temperada seca e prensada com carne do sol frita, parecido com uma paçoca. Iguaria oriunda dos garimpeiros como um alimento com 'sustânça' para que 'guentasssem' as horas de atividade e que pudesse ser conservada por dias.

 

Cortado de Palma - A palma é o nome dado a um tipo de cacto facilmente encontrado no sertão nordestino. Muito utilizada para a alimentação do gado, servia de alimento humano nas épocas de estiagem. Na região da Chapada é acompanhamento para pratos típicos, como o godó.

 

Mel Nativo - O mel orgânico da Chapada Ã© um dos produtos mais conceituados da Bhia. Produzido pela  Associação de Apicultura e Meliponicultura do Vale do Capão recebeu premiações como o melhor da Bahia e é destaque nacional do setor. 

 

Receitas de Jaca - O pastel de palmito é uma iguaria encontrada exclusivamente no Vale do Capão. Apesar do estranhamento inicial, logo cai no gosto dos turistas. Outro prato que surpreende é a moqueca de jaca, que substitui o peixe e/ou o camarão pela fruta, mantendo os demais ingredientes da receita.

 

Cachaça - A Chapada Diamantina é produtora de uma das melhores cachaças do país. A bebida é exportada para diversos países e pode ser provada em bares e restaurantes da região. As principais marcas são a Cachaça Abaíra e a orgânica Serra das Almas. Em alguns lugares onde são produzidas, como em Abaíra e Rio de Contas, é possível visitar os alambiques na zona rural e conhecer a produção tradicional e artesanal da bebida.

 

Café Gourmet - o café gourmet da Chapada é reconhecido internacionalmente. As categorias encontradas e os grãos são considerados de alta qualidade. A altitude acima dos 1300 metros e o clima são as principais causas para a cultura de ponta. O município de Ibicoara é destaque pela excelência e utilização de técnicas orgânicas que visam a preservação ambiental.

 

 

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